domingo, 14 de novembro de 2010

Sobre o amor...

É quando todo o resto do mundo perde - ou ganha - o sentido quando me encontro com você. É quando morro de ansiedade para que o dia passe, para poder estar ao seu lado.É quando qualquer lugar não tem nenhuma importância, basta estar perto de você.É quando sinto seu cheiro, e o meu coração acelera.É quando meu coração aperta e o peito parece explodir de felicidade toda vez que te vejo sorrindo.
É quando acordo e a primeira coisa que desejo é ouvir sua voz, e quando me deito, também.
É quando sinto o mundo parar e estar totalmente segura quando você me abraça.É saber que você me completa naquilo que importa.
Amor é muito mais que estar satisfeito.
É muito mais do que estar simplesmente bem.
Amor é você...e eu...perfeitamente.
'

Razão maior

Em silêncio tento ouvir o vento
Ele sabe onde fazer a curva
Mas só ouço esse tormento
Vivo uma eterna luta

Uma luta violenta
Silenciosa e dura
Solitária vou sedenta
Procurando a minha cura

Minha cura é meu alimento
Arte, poesia e música
É como me reinvento
Covarde, escondo minha culpa

Culpa que hora e meia me enfrenta
Me faz lembrar de minha busca
Razão maior de quem tenta
Permanecer de alma pura.

Dura entrega

Eu, todas as noites, escrevia poemas em minha cabeça enquanto olhava o passado brilhando no céu. Sentia o vento fresco nos meus cabelos e nos meus pulmões. A sensação era de unidade universal. Uma paz que tomava conta de tudo, sensação de equilíbrio, tinha gosto de vida.
Nada era impossível. Os caminhos se ofereciam diante de mim. Eu não tinha medo de nada.

Ontem eu acordei atrasada para mais um dia igual ao de hoje e de meses atrás. O passado continuava a brilhar no céu noturno, me convidando para me contar suas maravilhas, mas estou cansada demais para levantar da cama.
Hoje escrevo poemas no papel mesmo, e acho isso uma coisa boa. Como se alguém precisasse ler tudo isso.
Sinto como se eu estivesse entregando minha vida para duramente não viver.

Surto

De tempos em tempos me ocorre esse surto.
O corpo já não me basta
e saio de mim sedenta de vida.
Olfato, paladar, visão, audição já não me servem para muito. Até mesmo o tato se torna indiferente.

Meu castigo: a limitação do corpo.
Não posso mais ser lá fora,
então sou apenas aqui dentro nessa solidão eterna e latente. Percorro meus dedos e encontro a tinta,
escorro no papel e ganho espaço,
esse apenas, mas suficiente para me esvair e me expor.

O corpo sorri sempre, acompanha, ama, fala.
A alma sentada tudo assiste, nada aprende, só espera.
'

A desenhista

'Era um vez... uma menina que capturava sonhos.
'Ela dormia bem cedo e sempre escondia sua rede embaixo do travesseiro.
'Não deixava escapar um sequer.
'Ao acordar, sempre com um sorriso glorioso e as palmas de suas paredes, preparava o cárcere de seu prisioneiro.
'As cortinas achavam graça, e enquanto cochichavam, o vento conseguia atravessar-lhes para beijar a menina com seus lábios frios e matutinos. Tinha o cheiro da chuva, mas a menina não enciumava. Ele era seu melhor amigo e maior fã, sempre levantava seu ânimo quando, cansada das várias noites lutando para não deixar o sonho escapar.
'A prisão era perfeita, branca, limpa e do tamanho ideal.
'A menina sentava bem em frente à janela, só para fazer inveja às cortinas e preparava-se para a passagem do sonho até sua nova moradia.
'O sol não escondia sua ansiedade e chegava cada vez mais perto para ver tudo melhor.
'A menina sorria com a boca e com os olhos, mas principalmente com as mãos segurando o sonho.
'A passagem se abriu, era fina e longa, com uma ponta bem feita e de cor grafite.
'De traço em traço o sonho entrava no retângulo alvo. E devagar perdia o medo. Percorria todo o seu novo aposento, e percebia ser observado. A vaidade lhe crescia, e encorajado, se exibia.
'No fim, já perfeitamente emoldurado, todos riam e se encantavam

Unidade Infinita

' Havia dias que já acordava assim.
Enxergava sua condição esdrúxula mais do que de costume e detestava.
Todos tentando mostrar sua individualidade, muitas vezes de forma ridícula, mas sempre querendo provar que são diferentes, únicos e insubstituíveis.
Ela, todos os dias, só tentava ser normal.
Sua peculiaridade a irritava profundamente, tanto que adorava passar horas em frente ao espelho, pra se deliciar com o reflexo do seu exterior e ter certeza de que era humana.
O espelho não reflete a alma ou a historia de ninguém.
É apenas o externo, feio ou bonito, tão real e superficial que podia, durante esses momentos, esquecer-se da sua infinita unidade.

'