domingo, 14 de novembro de 2010

Surto

De tempos em tempos me ocorre esse surto.
O corpo já não me basta
e saio de mim sedenta de vida.
Olfato, paladar, visão, audição já não me servem para muito. Até mesmo o tato se torna indiferente.

Meu castigo: a limitação do corpo.
Não posso mais ser lá fora,
então sou apenas aqui dentro nessa solidão eterna e latente. Percorro meus dedos e encontro a tinta,
escorro no papel e ganho espaço,
esse apenas, mas suficiente para me esvair e me expor.

O corpo sorri sempre, acompanha, ama, fala.
A alma sentada tudo assiste, nada aprende, só espera.
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