quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Oscilação



Já me censuraram demais pelo meu jeito esdrúxulo de pensar, beirando quase sempre a loucura.
Neste mundo raramente nos compreendemos uns aos outros.
A natureza humana é limitada. Ela suporta até certo ponto.
Alguns se perturbam tanto... se perdem. Outros se realizam artistas.
Eu... Não tenho mais imaginação, nem sentimentos. Nada contínuo.
Oscilo.
Tudo parece nos faltar quando estamos em falta com nós mesmos.
Se o meu mal tivesse cura, a música teria conseguido. Mas ainda escrevo dores.
Tudo quanto se acha fora de nós parece mais belo e todos são melhores que nós. E é natural sentir-se assim na dor, pois sentimos mais claramente nossas imperfeições.
Sinto perfeitamente que o destino me reserva árduas provas.
Se eu soubesse pra onde ir, iria imediatamente.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Olá outra vez eu


Vou dizer como sou: alegre, desde que não me lembre de um mundo de aspirações adormecidas intimamente aqui e que eu precisei – será? – ocultar com todo cuidado... de mim mesma.
Será que existe alguém parecido comigo? Que pensa da mesma forma? Que dê atenção, importância, valor a pormenores que são indispensáveis também a mim?
Sinto-me a mais incompreendida das criaturas. A estrangeira nesse mundo de terra, fogo, ar e água.
Poderiam todos dizer: "Sofre por buscar insensatamente aquilo que não se encontra nesse mundo".
Oh, Deus, não há então nada em minha alma que possa ser aproveitada aqui? Só a carne? O intelecto? E olhe lá...?
Todo o trabalho do homem visa apenas à satisfação de suas necessidades mundanas, as quais tem o único objetivo de prolongar uma existência mesquinha, apinhada de toda sorte de sentimentos reles e volúveis.
E eu? Tenho um mundo dentro de mim que esqueci que existia. Por isso mesmo devo estar neste estado lastimável de estranheza para com tudo. Beirando a loucura.
Algum louco já se afirmou louco? Se não, bom sinal.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


O valor do café depois das 00:00

Caríssima EU,




Como foi sempre meu costume, pensarei.
Analisarei cada detalhe, cada situação arriscada, cada desfecho feliz, aceitável, durável, ou não.
Visualizarei o emaranhado de possibilidades, a teia de opções nascida das entranhas cruéis do destino.
Desenrolarei os pergaminhos, abrirei as portas, acenderei as lâmpadas...
E me ferrarei de novo.
Eu sofreria menos se não me empenhasse tanto a invocar futuros hipotéticos, em vez de me esforçar pra tornar suportável um presente medíocre.
Será?
Uma companhia no inferno é tão proveitosa quanto a solidão no paraíso.
De que me serve?
Neste momento seria impossível pra mim inspirar-me em qualquer coisa bela ou excitante.
Ultimamente ao me ouvir me assombro e calo.