Todos os dias deparamos com inúmeras decisões e escolhas.(...)
Em todos os séculos, homens e mulheres dedicaram grande
esforço à tentativa de definir o papel adequado que o prazer desempenharia na
nossa vida – uma verdadeira legião de filósofos, teólogos e psicólogos, todos
estudando nossa ligação com o prazer.(...)
Nenhum de nós realmente precisa de
filósofos gregos, de psicanalistas do séc. XIX ou de cientistas do séc. XX para
nos ajudar a entender o prazer. Nós sabemos quando sentimos. Nós o reconhecemos
no toque ou no sorriso de um ser amado, na delícia de um banho quente de
banheira numa tarde fria e chuvosa, na beleza de um pôr-do-sol. Entretanto,
muitos de nós também conhecem o prazer no arroubo frenético da cocaína, no
êxtase da heroína, na folia de uma bebedeira, na delícia do sexo sem
restrições, na euforia de uma temporada de sorte em Las Vegas. Esses também são
prazeres muito verdadeiros – prazeres com os quais muitos na nossa sociedade
precisam aprender a conviver.
Embora não haja soluções fáceis
para evitar esses prazeres destrutivos, felizmente temos por onde começar: o
simples lembrete de que o que estamos procurando na vida é a felicidade. Como o
Dalai-Lama salienta, esse é um fato inconfundível. Se abordarmos nossas
escolhas na vida tendo isso em mente, será mais fácil renunciar a atividades
que acabam sendo prejudiciais, mesmo que elas nos proporcionem um prazer
momentâneo. O motivo pelo qual costuma ser tão difícil adotar o “É só dizer
não!” encontra-se na palavra “não”. Essa abordagem está associada a uma noção
de rejeitar algo, de desistir de algo, de nos negarmos algo.
Existe, porém, um enfoque melhor:
enquadrar qualquer decisão que enfrentemos com a pergunta “Será que ela me
trará felicidade ou apenas prazer?”. Essa simples pergunta pode ser uma
poderosa ferramenta para nos ajudar a gerir com habilidade todas as áreas da
nossa vida. Ela permite que as coisas sejam vistas de um novo ângulo. Lidar com
nossas decisões e escolhas diárias com essa questão em mente desvia o foco
daquilo que estamos nos negando para aquilo que estamos buscando – a
felicidade. Uma felicidade definida pelo Dalai-Lama como estável e persistente, um estado de felicidade que, apesar dos altos e baixos da vida e das flutuações
normais do humor, permanece como parte da própria matriz do nosso ser. A partir
dessa perspectiva, é mais fácil tomar a “decisão acertada” porque estamos
agindo para dar algo a nós mesmos, não para negar ou recusar algo a nós mesmos
– uma atitude de movimento em direção a algo, não de afastamento; uma atitude
de união com a vida, não de rejeição a ela. Essa percepção subjacente de
estarmos indo na direção da felicidade pode exercer um impacto profundo. Ela
nos torna mais receptivos, mais abertos, para a alegria de viver.
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